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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Uma vez Bob Marley foi baleado e 2 dias depois estava fazendo um show. Perguntaram a ele por que não dava um descanso pra se recuperar, ele respondeu: “As pessoas que fazem de tudo para piorar o mundo, não descansam. Por que eu, que quero melhorar, tenho que descansar?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Decreto de 15.10.2012

Decreto de 15.10.2012 - Abre aos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, em favor dos Ministérios de Minas e Energia, dos Transportes, da Integração Nacional e das Cidades, crédito suplementar no valor de R$ 1.606.480.156,00, para reforço de dotações constantes da Lei Orçamentária vigente.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Goleiro Bruno vai a júri em novembro

Goleiro Bruno vai a júri em novembro  09 Outubro 2012 por: Redação Horizonte MS - Mídias Nacionais

O ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, vai a júri popular no dia 19 de novembro pelo envolvimento direto no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, conforme decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de Contagem, Minas Gerais (TJ-MG), e foi publicada no último dia 5.

Bruno e outras seis pessoas são acusadas pelo desaparecimento e morte de Eliza, ex-amante do atleta com 25 anos na época do suposto crime. Além de Bruno, o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram os pedidos de liberdade negados e aguardarão pelo julgamento do próximo mês presos.

Entre os réus do processo, estão ainda a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes e a ex-mulher Dayanne Souza. Por decisão da magistrada Marixa, o processo foi desmembrado e Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza irão a júri popular em outra data ainda não definida.

Macarrão e Bruno são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio quailificado e ocultação de cadáver enquanto ex-policial Bola responde pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

 Já Wemerson Marques, Elenílson Vítor e Dayanne Rodrigues respondem por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. A outra mulher de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, responde pelo cárcere privado tanto de Eliza quanto da criança. Todos estão em liberdade desde dezembro de 2010.

Caso Eliza Samudio

A jovem que deu a luz a um filho do ex-goleiro Bruno Fernandes, desapareceu em junho de 2010 quando partiu para o sítio do atleta, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma denúncia anônima de espancamento de uma mulher levou a polícia até o local onde começaram as investigações. Para a polícia mineira, Eliza foi morta a mando de Bruno, porém, o corpo nunca foi encontrado.

Na época, Eliza e Bruno estavam em um conflito judicial sobre a paternidade da criança, nascida em fevereiro de 2010. A jovem alegava que o atleta era o pai do menino e requeria na Justiça a pensão alimentícia.

Goleiro Bruno vai a júri em novembro

Goleiro Bruno vai a júri em novembro  09 Outubro 2012 por: Redação Horizonte MS - Mídias Nacionais

O ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, vai a júri popular no dia 19 de novembro pelo envolvimento direto no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, conforme decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de Contagem, Minas Gerais (TJ-MG), e foi publicada no último dia 5.

Bruno e outras seis pessoas são acusadas pelo desaparecimento e morte de Eliza, ex-amante do atleta com 25 anos na época do suposto crime. Além de Bruno, o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram os pedidos de liberdade negados e aguardarão pelo julgamento do próximo mês presos.

Entre os réus do processo, estão ainda a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes e a ex-mulher Dayanne Souza. Por decisão da magistrada Marixa, o processo foi desmembrado e Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza irão a júri popular em outra data ainda não definida.

Macarrão e Bruno são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio quailificado e ocultação de cadáver enquanto ex-policial Bola responde pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

 Já Wemerson Marques, Elenílson Vítor e Dayanne Rodrigues respondem por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. A outra mulher de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, responde pelo cárcere privado tanto de Eliza quanto da criança. Todos estão em liberdade desde dezembro de 2010.

Caso Eliza Samudio

A jovem que deu a luz a um filho do ex-goleiro Bruno Fernandes, desapareceu em junho de 2010 quando partiu para o sítio do atleta, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma denúncia anônima de espancamento de uma mulher levou a polícia até o local onde começaram as investigações. Para a polícia mineira, Eliza foi morta a mando de Bruno, porém, o corpo nunca foi encontrado.

Na época, Eliza e Bruno estavam em um conflito judicial sobre a paternidade da criança, nascida em fevereiro de 2010. A jovem alegava que o atleta era o pai do menino e requeria na Justiça a pensão alimentícia.

Goleiro Bruno vai a júri em novembro

Goleiro Bruno vai a júri em novembro  09 Outubro 2012 por: Redação Horizonte MS - Mídias Nacionais

O ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, vai a júri popular no dia 19 de novembro pelo envolvimento direto no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, conforme decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de Contagem, Minas Gerais (TJ-MG), e foi publicada no último dia 5.

Bruno e outras seis pessoas são acusadas pelo desaparecimento e morte de Eliza, ex-amante do atleta com 25 anos na época do suposto crime. Além de Bruno, o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram os pedidos de liberdade negados e aguardarão pelo julgamento do próximo mês presos.

Entre os réus do processo, estão ainda a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes e a ex-mulher Dayanne Souza. Por decisão da magistrada Marixa, o processo foi desmembrado e Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza irão a júri popular em outra data ainda não definida.

Macarrão e Bruno são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio quailificado e ocultação de cadáver enquanto ex-policial Bola responde pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

 Já Wemerson Marques, Elenílson Vítor e Dayanne Rodrigues respondem por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. A outra mulher de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, responde pelo cárcere privado tanto de Eliza quanto da criança. Todos estão em liberdade desde dezembro de 2010.

Caso Eliza Samudio

A jovem que deu a luz a um filho do ex-goleiro Bruno Fernandes, desapareceu em junho de 2010 quando partiu para o sítio do atleta, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma denúncia anônima de espancamento de uma mulher levou a polícia até o local onde começaram as investigações. Para a polícia mineira, Eliza foi morta a mando de Bruno, porém, o corpo nunca foi encontrado.

Na época, Eliza e Bruno estavam em um conflito judicial sobre a paternidade da criança, nascida em fevereiro de 2010. A jovem alegava que o atleta era o pai do menino e requeria na Justiça a pensão alimentícia.

Goleiro Bruno vai a júri em novembro

Goleiro Bruno vai a júri em novembro  09 Outubro 2012 por: Redação Horizonte MS - Mídias Nacionais

O ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, vai a júri popular no dia 19 de novembro pelo envolvimento direto no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, conforme decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de Contagem, Minas Gerais (TJ-MG), e foi publicada no último dia 5.

Bruno e outras seis pessoas são acusadas pelo desaparecimento e morte de Eliza, ex-amante do atleta com 25 anos na época do suposto crime. Além de Bruno, o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram os pedidos de liberdade negados e aguardarão pelo julgamento do próximo mês presos.

Entre os réus do processo, estão ainda a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes e a ex-mulher Dayanne Souza. Por decisão da magistrada Marixa, o processo foi desmembrado e Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza irão a júri popular em outra data ainda não definida.

Macarrão e Bruno são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio quailificado e ocultação de cadáver enquanto ex-policial Bola responde pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

 Já Wemerson Marques, Elenílson Vítor e Dayanne Rodrigues respondem por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. A outra mulher de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, responde pelo cárcere privado tanto de Eliza quanto da criança. Todos estão em liberdade desde dezembro de 2010.

Caso Eliza Samudio

A jovem que deu a luz a um filho do ex-goleiro Bruno Fernandes, desapareceu em junho de 2010 quando partiu para o sítio do atleta, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma denúncia anônima de espancamento de uma mulher levou a polícia até o local onde começaram as investigações. Para a polícia mineira, Eliza foi morta a mando de Bruno, porém, o corpo nunca foi encontrado.

Na época, Eliza e Bruno estavam em um conflito judicial sobre a paternidade da criança, nascida em fevereiro de 2010. A jovem alegava que o atleta era o pai do menino e requeria na Justiça a pensão alimentícia.

Goleiro Bruno vai a júri em novembro

Goleiro Bruno vai a júri em novembro  09 Outubro 2012 por: Redação Horizonte MS - Mídias Nacionais

O ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes, vai a júri popular no dia 19 de novembro pelo envolvimento direto no desaparecimento e morte de Eliza Samudio, conforme decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de Contagem, Minas Gerais (TJ-MG), e foi publicada no último dia 5.

Bruno e outras seis pessoas são acusadas pelo desaparecimento e morte de Eliza, ex-amante do atleta com 25 anos na época do suposto crime. Além de Bruno, o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram os pedidos de liberdade negados e aguardarão pelo julgamento do próximo mês presos.

Entre os réus do processo, estão ainda a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes e a ex-mulher Dayanne Souza. Por decisão da magistrada Marixa, o processo foi desmembrado e Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza irão a júri popular em outra data ainda não definida.

Macarrão e Bruno são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio quailificado e ocultação de cadáver enquanto ex-policial Bola responde pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

 Já Wemerson Marques, Elenílson Vítor e Dayanne Rodrigues respondem por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. A outra mulher de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, responde pelo cárcere privado tanto de Eliza quanto da criança. Todos estão em liberdade desde dezembro de 2010.

Caso Eliza Samudio

A jovem que deu a luz a um filho do ex-goleiro Bruno Fernandes, desapareceu em junho de 2010 quando partiu para o sítio do atleta, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma denúncia anônima de espancamento de uma mulher levou a polícia até o local onde começaram as investigações. Para a polícia mineira, Eliza foi morta a mando de Bruno, porém, o corpo nunca foi encontrado.

Na época, Eliza e Bruno estavam em um conflito judicial sobre a paternidade da criança, nascida em fevereiro de 2010. A jovem alegava que o atleta era o pai do menino e requeria na Justiça a pensão alimentícia.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.

Medicina: revalidação de diploma estrangeiro vira cabo de guerra

Daniel Favero
Angela Chagas

  A validação de diplomas de medicina obtidos no exterior é considerada difícil no Brasil. Na edição 2011 do exame lançado um ano antes em caráter de teste, menos de 10% conseguiram aprovação. O governo estuda agora facilitar o processo e já lançou um plano para aumentar o número de médicos no País. No entanto, entidades que regulam a profissão reagiram contra as medidas. A categoria argumenta que o problema brasileiro não é a falta, mas sim a má distribuição de médicos no território nacional.
  Os atrativos para quem quer estudar medicina fora são muitos. Custo de vida baixo, mensalidades que correspondem a um décimo do valor praticado no Brasil, facilidade com o idioma e para ingressar nas faculdades, entre outros. Além disso, desde a década de 1970, quem se formava em países latinos e caribenhos tinha o diploma automaticamente reconhecido pelo Brasil, que era signatário de um acordo de cooperação acadêmica que valeu até 1999. Contudo, a partir de então a validação passou a ser realizada por universidades públicas em um processo "moroso e não padronizado", segundo o próprio Ministério da Educação (MEC), já que cada instituição adotava regras próprias.
"MEC já aplicou o Revalida dois anos e os resultados foram catastróficos. Como permitir que exerçam a profissão?"
Claudio Franzen, médico
  Para tentar padronizar isso, o governo institui em 2010 o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras, chamado Revalida, que passou a ser uma alternativa mais uniforme para o processo. Entretanto, o teste é considerado excessivamente rigoroso. Na edição de 2011, dos 677 participantes, apenas 65 conseguiram aprovação - 31 brasileiros, seis colombianos, seis argentinos, quatro bolivianos, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, três peruanos, dois nicaraguenses, um alemão, um cabo-verdense, um francês e um dominicano.
  O Ministério da Educação admite aplicar mudanças que facilitariam o Revalida. Junto a isso, ao menos dois projetos tramitam no Senado: um do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que propõe o reconhecimento automático do diploma estrangeiro, e outro da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que visa a simplificar o processo de validação.
  As entidades médicas reagiram duramente contra as propostas do governo, avaliando-as como "falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem colaborar para o fim da desigualdade na assistência em saúde". De acordo com o médico Claudio Franzen, do Conselho Federal de Medicina (CFM), as exigências existem para comprovar que as pessoas graduadas fora do País possuem a formação necessária para atender a população. "O MEC já aplicou o Revalida dois anos seguidos e os resultados foram catastróficos. Como podemos permitir que essas pessoas exerçam a profissão sem nenhum controle?", questiona.
  Franzen diz ainda que a medicina praticada no Brasil é muito mais avançada do que em outros países da América Latina, que formam centenas de brasileiros todos os anos. "Temos muitos estudantes que vão para Cuba, por exemplo, por intermédio de partidos políticos e movimentos sociais. Não posso fazer avaliação genérica, porque aqui no Brasil também temos faculdades precárias, mas o curso lá não é completo, é voltado para a medicina básica, para atender a população de forma preventiva. Eles não recebem o aprofundamento para sair fazendo cirurgias.
Como vamos liberar o ingresso desses médicos? Isso é muito preocupante", afirmou.
  Segundo estudo feito pelo CFM, o problema do País também não é a falta de médicos, mas sim a má distribuição pelo território nacional. "Não é correto, portanto, afirmar que há falta generalizada de médicos no Brasil. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez de profissionais em determinadas localidades, em determinadas redes e serviços de saúde e em determinadas especialidades médicas", aponta o estudo.
  De acordo com a pesquisa, o Brasil possui 1,9 médico para cada 1 mil habitantes, proporção menor que a de países como Argentina (3), Uruguai (3,7) e Cuba (6,7). Mas outro olhar sobre os números revela duas realidades distintas no País: enquanto no Interior a taxa de distribuição é semelhante à de países africanos, nos grandes centros urbanos ela é maior do que em países europeus.
  Em março deste ano, o governo federal anunciou medidas para estimular a formação de novos médicos com a criação de vagas em instituições públicas e visando a levar estes profissionais para o interior do País. A meta é elevar, até 2020, o número de médicos a 2,5 para cada 1 mil habitantes.
Reserva de mercado
  Estudantes que obtiveram diplomas de medicina no exterior consideram que o grau de dificuldade do Revalida serve para "barrar mão de obra qualificada por uma questão de reserva de mercado". O argumento é que "pessoas que estudam no Brasil também não seriam aprovadas se submetidas a esta prova", segundo relata o deputado federal Raul Lima (PSD-RR). Para ele, as entidades não podem impor barreiras sem conhecer a realidade. "Temos ótimos exemplos de faculdades na América latina, mas nós não temos o monopólio do conhecimento de qualidade".
  Para Claudio Franzen, o Revalida segue o padrão de exigência do ensino da medicina praticado no Brasil. Ele ainda argumenta que é uma "falácia" dizer que a liberação do ingresso de médicos formados em outros países aumentaria a oferta nas regiões em que o serviço de saúde ainda é precário. "Depois de terem o título, eles trabalham onde quiserem. O problema para a falta de médicos é a ausência de um plano de cargos. O governo federal deveria propor o mesmo que faz com as carreiras do Judiciário. Um juiz entra em uma comarca pequena e depois vai subindo até chegar à capital. Isso não existe na medicina", completa.
"Não temos o monopólio do conhecimento de qualidade"
Raul Lima, deputado federal
  Além do Revalida, estudantes de todas as áreas de conhecimento podem fazer o reconhecimento de diploma em alguma universidade pública brasileira que possua curso igual ou similar reconhecido pelo governo. Cada instituição de ensino cria as próprias regras e, na análise, que leva seis meses, em média, podem ser solicitados estudos complementares.
  Já o Revalida é fruto de uma ação conjunta entre os ministérios da Saúde e da Educação, visando a padronizar o processo. O exame estabelece níveis de desempenho esperados para habilidades específicas de cada área, com testes teóricos e práticos. Dos 65 aprovados no ano passado, 31 eram brasileiros, quatro bolivianos, seis colombianos, seis argentinos, três peruanos, um alemão, três cubanos, três equatorianos, três venezuelanos, dois nicaraguenses, um cabo-verdiano, um francês e um dominicano.