18/03/2016 | 15h04min
O Senado exonerou o assessor do
senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) que gravou uma conversa com o
ministro da Educação, Aloizio Mercadante. A exoneração de Eduardo
Marzagão foi publicada nesta sexta-feira (18) no "Diário Oficial". Além
de Marzagão, foi exonerado o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo
Ferreira.
A gravação com Mercadante foi anexada à
delação premiada de Delcídio na Operação Lava Jato. Segundo Marzagão,
Mercadante o procurou para oferecer ajuda a Delcídio e evitar que o
senador fechasse acordo com o MInistério Público para contar o que sabe
em troca de uma redução da pena.
As exonerações estão assinadas pela
diretora-geral do Senado, Ilana Trombka. Foram justificadas com base no
inciso da lei do servidor público que permite a exoneração de cargos de
confiança (casos de Marzagão e Ferreira) "a juízo da autoridade
competente".
A assessoria do presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que ele não vai comentar as exonerações.
Ao G1, Marzagão afirmou que não foi avisado da exoneração e que não quebrou a confiança do Senado.
Delcídio foi preso em novembro do ano
passado após ser flagrado em uma gravação oferecendo dinheiro e ajuda
logística para o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró fugir do país.
Afastado do PT, o senador ficou 87 dias na cadeia, mas foi liberado pelo
Supremo em fevereiro depois de fechar o acordo de delação premiada.
Gravações
As conversas de Mercadante reveladas
nos depoimentos do ex-líder do governo não foram diretamente com
Delcídio, mas com um assessor de confiança do senador do PT chamado José
Eduardo Marzagão. Mercadante teria se reunido duas vezes com o auxiliar
de Delcídio em seu gabinete no Ministério da Educação.
As conversas foram gravadas por
Marzagão e entregues à PGR, que investiga o envolvimento de políticos no
esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
“Aloísio Mercadante buscou conversar
com Eduardo Marzagão, tendo este gravado os diálogos mantidos a partir
de então”, diz trecho da delação de Delcídio do Amaral.
Em entrevista coletiva no dia em que a gravação foi divulgada, Mercadante afirmou
que "jamais" tentou impedir a delação de Delcídio e que as gravações
mostram trechos nos quais ele ressaltava que a decisão de fazer o acordo
com o Ministério Público era do ex-líder do governo. O ministro disse
ainda que trechos específicos da conversa foram divulgados, enquanto
outros foram omitidos.
Aos procuradores da República, o
senador do PT contou que, nas conversas mantidas com seu assessor,
Mercadante queria transmitir a mensagem de que Delcídio não deveria dar
informações ao Ministério Público sobre fatos relacionados à Lava Jato.
“[Mercadante] disse a Eduardo Marzagão
para o depoente ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar diante
da complexidade do momento político; que a mensagem de Aloísio
Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o
Ministério Público Federal, para, assim, ser viabilizado o
aprofundamento das investigações da Lava Jato”, afirma o documento.
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