A primeira amostra de solo analisada pela sonda
Curiosity em Marte encontrou uma quantidade significativa de água,
anunciou nesta quinta-feira a Nasa - a agência espacial americana - em
artigo na revista Science.
"Um dos mais emocionantes resultados da primeira amostra
ingerida pela Curiosity é a alta porcentagem de água no solo", diz
Laurie Leshin, do Instituto Rensselaer (EUA) e líder do estudo
apresentado hoje. "Cerca de 2% do solo na superfície de Marte é feito de
água, o que é um grande recurso, e cientificamente interessante", diz a
cientista. A análise do laboratório ambulante identificou ainda dióxido
de carbono, oxigênio e compostos sulfúricos, entre outros, quando
aqueceu a terra coletada.
Um dos instrumentos do robô, chamado de SAM (sigla em
inglês para "análise de amostra de Marte") inclui um cromatógrafo, um
espectrômetro de massa e um espectrômetro a laser. Esses palavrões
significam que a sonda tem a capacidade, ao contrário de suas
antecessoras, de identificar diversos compostos químicos e determinar a
proporção de isótopos (átomos de um mesmo elemento químico que diferem
na quantidade de nêutrons) de elementos-chave nas amostras que recolhe.
"Esta é a primeira amostra que analisamos com os
instrumentos da Curiosity. É a primeiríssima pá de algo que alimentou o
equipamento analítico. Apesar de ser apenas o início da história, nós
aprendemos algo substancial", diz Laurie.
A Curiosity usou sua pequena pá para recolher uma
amostra de solo de uma região apelidada de "Rocknest" pelos cientistas.
Os pesquisadores inseriram porções da amostra no instrumento SAM, que
aqueceu a terra a 835°C. O equipamento reconheceu a presença de diversos
componentes, inclusive compostos contendo cloro e oxigênio, como
clorato ou perclorato, que já eram conhecidos em Marte - mas apenas em
regiões mais próximas ao polo, e não na zona equatorial do planeta
vermelho, onde está a sonda. A análise indica ainda a presença de
carbonatos, que se formam na presença de água.
"Marte tem um tipo de camada global, uma camada de solo
da superfície que tem sido misturada e distribuída por frequentes
tempestades de areia. Então, uma pá desse material é basicamente uma
coleção microscópica de rochas marcianas", diz Laurie. "Se você misturar
muitos grãos dele juntos, você provavelmente terá uma imagem precisa da
crosta típica marciana. Ao aprender sobre isso em um lugar, você estará
entendendo sobre o planeta inteiro."
Segundo o cientista, os resultados implicarão em futuras
missões ao planeta vermelho - inclusive tripuladas. "Nós agora sabemos
que deve haver água abundante e de fácil acesso em Marte", diz Laurie.
"Quando mandarmos gente, eles podem retirar um pouco do solo em qualquer
lugar da superfície, aquecê-lo um pouco e obter água."
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