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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ONU adverte Síria de consequências, se não cooperar com destruição de arsenal

O Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas aprovou nesta sexta-feira a primeira resposta da comunidade internacional para a guerra civil na Síria, uma resolução sobre a destruição das armas químicas desse país, que adverte o governo sobre consequências se não cooperar com o processo.
Mais de dois anos e meio depois do início da guerra civil na Síria, o CS superou hoje o bloqueio sofrido durante todo o conflito e votou sua primeira resolução sobre uma tragédia que já matou mais de 100 mil pessoas.
Os 15 membros do principal órgão de decisões da ONU aprovaram por unanimidade uma resolução proposta por Estados Unidos e Rússia, que condena pela primeira vez o uso de armas químicas na Síria, e adverte o regime do presidente Bashar al Assad que haverá "consequências" se não cooperar com o desmantelamento de seu arsenal.
Depois da votação, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou de "histórica" a resolução aprovada pelo CS, mas lembrou aos seus membros que o "catálogo de horrores" da Síria continua "enorme", por isso pediu o fim imediato da violência.
Ban fez um novo pedido às autoridades sírias e à oposição rebelde - e ao restante dos atores com poder de influência no país -, para que "em meados de novembro" se sentem à mesa para negociar a paz em uma conferência internacional em Genebra, proposta no mês de maio por Washington e Moscou, mas que até agora não aconteceu.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse após a votação que o regime de Bashar al Assad deu um primeiro passo ao anunciar que aceitava submeter seu arsenal químico ao controle internacional e destacou que a resolução aprovada hoje "não permite nenhum uso automático da força" no caso de seu descumprimento.
Apesar de os EUA e seus aliados terem defendido um texto que invocasse o Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que regula a imposição de sanções e inclusive o uso da força autorizado pela ONU, no final, a Rússia conseguiu seu objetivo e uma intervenção militar estará sujeita à aprovação de uma segunda resolução.
O secretário de Estado americano disse que a resolução "vinculativa" tem como principal meta acabar com o arsenal químico da Síria, "através de meios pacíficos", e advertiu que "haverá consequências" se o país não cooperar com o processo de desmantelamento, que será concluído em meados de 2014.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, lembrou que a resolução chega após dois anos e meio de "brutalidade", com milhares de mortos e milhões de refugiados em um país onde a cultura da impunidade continua "imperando".
A França considerou o desbloqueio do CS como um passo "histórico", mas lembrou que "todas as provas" do ataque químico do dia 21 de agosto nos arredores de Damasco "indicam a responsabilidade do regime de Assad", e pediu que os responsáveis sejam levados à Justiça.
A votação aconteceu menos de duas horas depois que a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) aprovou, por consenso, seu plano para a eliminação do arsenal químico sírio, que prevê o envio de inspetores nos próximos dias e a destruição total de todas as armas químicas da Síria na primeira metade de 2014.
O plano se incorpora à resolução aprovada pelo CS e detalha o processo para acabar com as armas químicas da Síria, com base no acordo alcançado por Estados Unidos e Rússia, em resposta ao ataque registrado de 21 de agosto no subúrbio de Damasco, no qual, supostamente, morreram mais de 1,4 mil pessoas.
Pouco antes, o secretário-geral da ONU se reuniu com o mediador internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, e com os representantes dos cinco membros permanentes do CS para continuar com os preparativos para a conferência de paz de Genebra.
Enquanto isso, no Oriente Médio, os inspetores da ONU continuam suas investigações na Síria de denúncias "críveis" sobre o uso de armas químicas no país, inclusive a de 19 de março em Khan al Assal, denunciada pelo regime de Bashar al Assad.
O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, confirmou pela primeira vez que a missão liderada pelo professor sueco Ake Sellström vai averiguar, além disso, uma denúncia dos Estados Unidos de um ataque com armas químicas cometido no dia 13 de abril.
O porta-voz acrescentou que na próxima semana encerrarão sua visita e depois vão elaborar um relatório final que estará pronto no final de outubro.

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